Diagnosticado com hipertensão arterial, o aposentado Daniel Paes também sofre com diabetes. Estas duas doenças têm tirado dele o direito de se divertir como nos tempos antigos. “Hoje nem posso mais beber. Depois que aprendi a conviver com essas doenças, vejo a vida de outra forma”, explica.

A história dele se mistura à de tantos outros que sofrem com o tratamento, principalmente devido ao alto custo e à baixa disponibilidade dos remédios na rede farmacêutica. Mas o caso de “seu” Daniel, como é conhecido, tem uma diferença: ele participa do programa Medicamento em Casa (Medcasa), uma parceria entre governo do Estado e Prefeitura do Salvador, através das secretarias estadual e municipal de Saúde.

Funcionando desde 2010, o Medcasa beneficia os pacientes que necessitam de remédios utilizados no controle e tratamento de diabetes e hipertensão. O programa entrega, na residência do beneficiado, a quantidade exata de cartelas com os medicamentos para um período mínimo de três meses de tratamento.

“Agora nem me preocupo mais, porque sei que o remédio será entregue em casa”, afirma o aposentado, que se consulta com a médica sempre antes do prazo de três meses. “Ela diz que minha disciplina me ajuda com o tratamento, porque ela acompanha com o resultado dos exames e afirma que estou seguindo a determinação dela”, comenta.

Funcionamento – O programa Medcasa garante o acesso aos medicamentos, diminuindo a necessidade de deslocamento dos pacientes às farmácias dos postos de saúde, que nem sempre ficam perto de onde residem. “Sabemos das dificuldades da população, que, muitas vezes, deixa de comprar um remédio porque não tem o dinheiro do transporte para ir até o posto médico”, explica Bruno Viriato, coordenador da Assistência Farmacêutica da SMS. “Outro benefício é o de fidelizar o paciente ao tratamento, já que eles têm que renovar a receita a cada três meses, durante a consulta, para receber o medicamento em casa”, diz Viriato.

Só no período de janeiro a junho deste ano, foram enviadas pelo Medcasa aos pacientes cerca de 40 caixas com medicamentos como Metoprolol (25mg), AAS (100mg), Anlodipino (5mg), Losartana (50mg) e Metformina (850mg).

Além do controle da hipertensão e tratamento do diabetes, as mulheres que estão cadastradas nos programas de Planejamento Familiar do SUS recebem também os anticoncepcionais orais e preservativos. “Cada caixa vai para a residência do paciente, contendo a quantidade de medicamentos correta para o tratamento, com uma legenda identificando cada uma das cartelas dos remédios. Caso queiram retirar uma nova quantidade antes do tempo previsto, o sistema impede o acesso”, diz Sandro Monteiro de Souza, farmacêutico responsável pelo Medcasa na SMS.

Participação – Para fazer parte do programa, o paciente deve ter o diagnóstico de diabetes tipo 2 e/ou hipertensão arterial, identificado ainda nas unidades básicas de atendimento. Em seguida, são encaminhados ao Programa Hiperdia, com acompanhamento de uma equipe multiprofissional composta por médico, enfermeiro, nutricionista, assistente social, farmacêutico, odontólogo, psicólogo e educador físico.

Depois de diagnosticada a doença (hipertensão e/ou diabetes), o paciente passa a fazer parte do programa Medcasa. Não existe limite de idade ou sexo, mas é preciso atender aos os critérios do programa, como ter o quadro da doença considerado estável e não faltar às consultas (médicas, de enfermagem ou de nutrição) por qualquer período.

Os pacientes diabéticos que usam insulina para tratamento da doença e usuárias do planejamento familiar que necessitem trocar o método contraceptivo, ou que apresentem restrições no uso do método, não podem fazer parte do programa, recebendo orientações e retirada dos insumos para o tratamento nas farmácias das Unidades Básicas de Saúde (UBS).